A cloroquina e o circular reasoning na análise de um discurso

Domingo me aconteceu uma coisa diferente. Entrei num debate com um apoiador de Bolsonaro que defendia o uso da cloroquina para o tratamento da COVID-19. Até aí, nada demais, cada qual tem sua opinião. Mas o que me chamou atenção, foi o uso do circular reasoning da pessoa em questão. O que é esta falácia, vocês se perguntam?

Circular reasoning (Latin: circulus in probando, “circle in proving”; also known as circular logic) is a logical fallacy in which the reasoner begins with what they are trying to end with. (WIKIPEDIA)

Ou seja, ele tentava me convencer que a cloroquina devia ser usada porque a cloroquina já é usada como medicamento seguro.

Porém, vamos ser razoáveis neste argumento. Se eu não acredito que a cloroquina é um medicamento seguro para a COVID-19, este argumento simplesmente volta ao seu início. A cloroquina não deveria ser usada pois não é segura para a COVID. E, claramente, o argumento volta a seu ponto inicial de novo, e de novo, e de novo, e de novo, e quantas vezes for necessária até que alguém se canse.

Diversas vezes, no entanto, a pessoa em questão me xingou dizendo que eu estava fugindo das perguntas por tentar evitar o argumento circular.

Então, vamos colocar a análise do discurso nisso aí. Quando você tenta analisar o que vem de uma pessoa que só tem um argumento para defender um assunto que seja, e este argumento é um argumento falacioso, pode-se dizer que não há argumento algum para se analisar, porque só sobra a falácia. É um discurso vazio, desprovido de sentido, pois a premissa só é aceita por alguém se este alguém inicialmente acreditar que essa premissa já é verdade. Quando destruímos essa primeira premissa que não é verdadeira, o argumento se torna mais que raso, ele se torna inexistente. E como discutir com um argumento inexistente, falacioso? A melhor maneira é buscando um argumento que faça sentido. Só que ao fazermos isso, automaticamente o falacioso tende a voltar para seu argumento circular, porque ele não tem outro. No fim, é perda de tempo tentar discutir com alguém que já tem uma premissa como verdade absoluta. Ao analisarmos o discurso trazido por uma dessas pessoas, percebemos que é de onde o sujeito fala, ou seja, de que realidade de vida ele consegue não compreender o mundo ao seu redor e as diversas opiniões que podem surgir numa conversa.