A saga do ônibus invisível

Essa história aconteceu há uns dois anos, e sei que pouca gente vai acreditar, mas vou chamá-la de “saga do ônibus invisível” ou também de “como o poder da oração faz milagres”. Eu sei que os mais céticos vão custar a acreditar, e na verdade eu não ligo, porque veja bem, só eu sei que a história é completamente verdade e eu não tenho porque mentir aqui neste blog.

Era um dos dias que eu saía a noite da faculdade, por volta de nove e meia, dez horas. Nesse dia, eu certamente saí antes da aula terminar. Na realidade, isso era algo comum da minha pessoa, porque eu não tinha ônibus depois das dez, horário que minhas aulas terminavam. Se eu esperasse dar dez horas, minha única solução para voltar para casa era pegar um Uber, e qualquer pessoa que me conheça, sabe o quanto eu tenho medo de andar no carro de um desconhecido sozinha, ainda mais em tal hora da noite. Podem perguntar, meus amigos estão aí para confirmar tal informação. Quantas vezes, meu Deus, quantas vezes eu já disse que iria pegar um ônibus mesmo com todo mundo dizendo “vamos de uber que é mais rápido”. Quantas vezes eu deixei de ir à algum lugar porque não tinha ônibus para esse determinado lugar e eu precisava pegar um Uber! Enfim. De volta a história.

Peguei meu 1131, como o costume sempre me fez pegar. Gostava dele pois era muito mais rápido que qualquer outro ônibus para a estação de metrô – não, eu não pegaria o metrô, mas era onde ficava o ponto de ônibus onde eu poderia realizar a integração com o ônibus direto para casa. Mal havia pego este ônibus, e ele subia a ladeira que dava acesso ao bairro em que eu estava (e também era saída dele), e ao olhar para baixo da ladeira, ao longe no horizonte, eis que vejo o meu ônibus se dirigindo ao destino dele, amarelo… 0215… Opa! Aquela bandeira impossível de ser confundida!

Era o último da noite.

O desespero bateu.

O 1131 era, de fato, o ônibus mais rápido que havia no bairro da minha faculdade, mas ainda assim, ele demorava uns quinze minutos para chegar em meu destino, sem engarrafamentos pelo caminho, é claro. Sempre muito cheio, sempre parando em todos os pontos, sempre sendo parado por todos os semáforos do local, não havia muito o que se fazer, senão aceitar o destino de que o 0215 certamente chegaria naquele ponto de ônibus antes dele. O trajeto do 0215 era muito mais curto. Não havia sinais de trânsito, e raramente o motorista parava em algum ponto naquele horário. Talvez na estação de ônibus, e somente. Só havia um jeito de chegar lá antes dele, e esse jeito era um milagre divino.

Então orei.

Não me lembro as palavras exatas, não me lembro o que aconteceu nos minutos em que eu estava de olho fechado, clamando a Deus por aquele milagre. Mas me lembro exatamente do que aconteceu na sequencia. O 1131, que costumava encher logo depois da ladeira, passou pelo ponto cheio de gente, e ninguém sequer fez sinal para ele. Era como se o ônibus tivesse se tornado invisível! Ninguém parecia estar vendo aquele ônibus, nem pessoas, nem carros, nem os semáforos pareciam virar para o vermelho quando ele chegava perto de um deles. O trajeto de quinze minutos, foi realizado em menos de cinco.

Desci no ponto da estação. Agradeci ao motorista. Só então, parecia que as pessoas conseguiam enxergar o ônibus novamente! Assim que pisei no chão, atrás do ônibus em que estava, lá estava o 0215 que eu precisava pegar. Fiz um simples sinal para ele, entrei, paguei minha passagem, e me sentei no ônibus vazio, agradecendo a Deus pelo que tinha me acontecido.

E ainda tem gente que diz que milagres não acontecem, não é mesmo? Tente explicar pelo menos cinco pontos cheios de gente não vendo um ônibus que costumava lotar… Sei que parece estranho, mas, como eu disse, é questão de acreditar ou não em minha palavra.

 

 

Essa história é parte do desafio do Nanowrimo 2020, e está sob a tag “Aconteceu Comigo”. Os fatos são reais, mas algumas informações foram modificadas para segurança dos envolvidos.
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