When did you realise that you’ll never be free?*

É estranho começar um post usando uma frase do antigo grupo da Katharine Blake, o Miranda Sex Garden. Estranho porque a grande maioria das letras do MSG tem esse tom melódico-depressivo, e estranho também porque não tenho o hábito de dar títulos em inglês aos meus posts – Afinal, acessibilidade é tudo e eu estou escrevendo em português, não é mesmo? – Mas hoje é um dia especial. Hoje, vamos refletir um pouco. Vou trabalhar na reflexão baseada em coisas que aconteceram comigo. Talvez mencione uma ou duas, bem de leve. Mas, já vou soltando uma bomba: a liberdade é uma ilusão.

Mas meu Deus, Ayumi, do que você está falando? Estou falando que existe todo um mito de que em algum momento de nossas vidas, seremos livres. Quando somos crianças, acreditamos que ao completar a maioridade, seremos livres. Quando chegamos nesta maioridade, pensamos que quando tivermos dinheiro suficiente para sair de casa e vivermos por nós mesmos, seremos livres. Quando saímos de casa, pensamos que seremos livres quando juntarmos o suficiente para não mais trabalharmos. Quando não mais trabalhamos, pensamos que seremos livres, mas aí, já estamos cansados, fragilizados, talvez com netos, talvez em necessidade de outras coisas… É um ciclo sem fim. O ciclo de que, em algum momento de sua vida, o ser humano será livre para fazer o que quiser, sem que haja algum impedimento. Sempre faltará algo para a felicidade plena enquanto estivermos nesse mundo. Tudo o que você possa buscar, pode ser retirado de você. Tudo o que você pode fazer hoje, talvez não possa ser repetido amanhã. Se a vida é uma roda que gira e nunca para, por que acreditamos que ela pararia somente para que pudéssemos fazer o que queremos?

A realidade é que a liberdade é uma ilusão criada para que você continue preso, acreditando que dias melhores virão. Espere, eu não estou dizendo que dias melhores não virão. Não é isso. É só que, não importa o quão bom o dia seja, nós sempre esperamos que amanhã seja melhor. Para quem conheceu o Nemuritai alguns dias atrás, sabia que o subtítulo dele era “Ashita, tenki ni naare!” (Amanhã será um dia bom). Por que eu troquei? Porque infelizmente precisamos lidar com o realismo. Você nunca será totalmente livre, porque sempre haverá alguém que te olhará de maneira torta e te julgará pela roupa que você veste, pelo jeito que anda, pela maquiagem que usa (ou deixa de usar). E por mais que você seja desconstruído, em algum momento, em algum dia, basta um momento de fraqueza para que aquilo te atinja e você se pergunte “Será que eu devo agir mesmo dessa maneira, ou vestir realmente esta roupa, ou usar realmente este estilo de maquiagem?”. Você nunca vai agir totalmente independente das outras pessoas, porque de algum modo, o fato de vivermos em comunidade nos barra de agir feito loucos – estamos sempre conscientes do que o outro, de algum modo, pensa ou fala de nós. E quando não estamos conscientes, queremos estar.

Sempre estamos subservientes à alguém. Você não é livre, porque você precisa trabalhar para manter o seu sustento. Você não pode acordar um dia e decidir ficar em casa. Você também não pode ir para o trabalho vestido da maneira que você quiser. Adultos não são mais livres que crianças em nada. Ah, quer um exemplo? Você, adulto, não pode ser visto brincando com brinquedos infantis (a menos que seja pai/mãe de uma criança pequena), porque senão… PRE-PA-RA pro julgamento. A vida é assim, é um intenso quebra-cabeça para construir, mas ai de você se for pego construindo um quebra-cabeça da Barbie aos 35 anos. Por isso hoje, as empresas relançam versões “adultas” de brinquedos nostálgicos. É livro de colorir anti-estresse (por que não pode ser só livro de colorir? Porque livro de colorir é infantil!), é adulto fazendo receita de slime… Por que não podemos só ser livres e fazermos o que quisermos sem nos preocuparmos com a idade? Afinal, aquele seu hobby de colorir, de escrever, de ouvir música… ele não vai sumir só porque você cresceu. No máximo, ele vai se transformar. Mas não é normal alguém ouvir que uma garota de quase 30 anos, por exemplo, é uma Nintendista ferrenha, muito fã da série Harvest Moon/Story of Seasons e que gastaria dinheiro com isso. Mas ué, uma garota de 30 anos não é livre? Um garoto não poderia ter uma coleção de carros ou de brinquedos, ou do que seja? Mas a verdade é que a sociedade não permite essa liberdade nunca. Você sempre será julgado por alguém. Mesmo que o julgamento seja porque você gosta de um time específico de futebol, ou porque você gosta de determinada série ou de um gênero de filmes ou o que quer que seja. Então, por mais que pareça ser algo exclusivo de fandoms, a verdade é que sempre haverá alguém a quem você deverá prestar contas. Seja na sua igreja, seja no seu trabalho, seja na sua casa, seja com seus pais, com seus amigos, com seu parceiro, com quem quer que seja. Nós não nos permitimos ser completamente livres devido à essa subserviência. E essa subserviência continua por boa parte de nossa vida, talvez por toda ela. Somos subservientes ao nosso governo, à nossa Constituição, às nossas leis, inclusive à nossa própria moral. Enquanto, claramente, algumas dessas subserviências nos servem para poder viver em comunidade sem que haja deturpação da chamada ordem pública, algumas delas só existem para nos frearmos e nos impedirmos. E isso é algo estrutural. Precisamos disso, ou toda nossa sociedade se bagunça.

O trem da nossa vida passa em diversas estações. E, em cada uma delas, há um funcionário preparado para lhe dizer algo baseado em sua aparência, seu modo de vestir, de agir, de ser. Isso acontece, quer você queira, quer você não queira. Não há um modo de parar isso, não há um modo de frear, ou barrar os funcionários da estação de entrarem no trem. Ou de que o trem pare e pegue outros passageiros, iguais a você. Você até pode pensar que está livre para fazer o que quiser, mas, tente estender sua corrente paramuito além do que ela te permite ir. E aí, *quando você se deu conta de que nunca será livre?

Essa história é parte do desafio do Nanowrimo 2020, e está sob a tag “Aconteceu Comigo”. Os fatos são reais, mas algumas informações foram modificadas para segurança dos envolvidos.

Existem coisas que o dinheiro não compra

Eu podia fazer aquela piadinha, completando o título do post com “para todas as outras existem Mastercard”, mas acho que vocês já devem saber que os posts do NanoWrimo são uma coisa relativamente mais séria do que isso – ou não, depende do meu humor. Mas hoje eu devo dizer que estou bem séria e a história que vou contar também é séria. Já adianto: A moral é o título deste post. E se você discorda que existem coisas mais importantes que o dinheiro, é porque você nunca “perdeu sua vida”, de maneira figurativa, é claro. E eu espero que nunca perca.

Já namorei com um cara no passado. Com boa condição financeira (muito melhor que a minha, diga-se de passagem). Chegou a me pedir em casamento. Resolvemos que devíamos morar juntos. Para alguém como eu, que sempre teve mil e uma dificuldades nessa vida, era uma maneira de unir o útil ao agradável – era uma pessoa bacana (era o que demonstrava à primeira vista), vinha de uma família de classe média alta, com um padrão de vida melhor, e é óbvio que a gente sempre pensa: “Pelo menos dessa maneira eu vou dar pros meus filhos o que eu nunca pude ter”. Vejam bem, isso não sou eu tentando viver no mole, eu trabalhava nessa época. Tinha dois empregos. Mas o que eu ganhava não chegava nem perto de bancar o CONDOMÍNIO do apartamento em que essa pessoa em questão morava, muito menos todas as despesas de uma família. Vejam bem, é a triste saga de se trabalhar como professor no Brasil: Você dá aula os três turnos, chega em casa, planeja aula pros próximos dias, corrige prova, e quando o salário cai na conta… você ri porque mal dá pra se alimentar. Quem consegue vencer nessa profissão são poucos, notadamente os que tem doutorado e dão aula no ensino superior, concursados. Mas isso é assunto para outro post.

Ele, no entanto, faturava com UM projeto meu salário do mês inteiro. O que levava pra ele somente algumas horas – se muito complicado ou com algum cliente mais chato – um ou dois dias. Vejam a disparidade. O ponto é, naquele momento, eu, na minha ingenuidade, pensei. “Dinheiro me trará felicidade”, “Dinheiro me trará prosperidade”, “Dinheiro resolverá meus problemas”, “Dinheiro pode curar parte das minhas feridas”.

E eu não podia estar mais enganada.

Começar a morar junto foi um engano terrível. Não nos davámos bem sobre o mesmo teto. Eu mudei de emprego, e então estava trabalhando de 7 da manhã até 17 horas. Em pé. Correndo atrás de crianças. Era assistente de professora. Era um emprego no qual eu ganhava mais do que nos anteriores. Mas todos os dias, enquanto eu estava no ônibus de volta para casa, eu chorava enquanto olhava a “paisagem” da Avenida Paralela. Aquele choro silencioso e quase inexistente – nunca fui de ter muitas lágrimas mesmo – mas ele estava ali. Durei exatos um mês no emprego. Nunca saí de um emprego tão feliz quanto saí deste. Único dia que voltei para casa com a minha carta de demissão como se fosse minha carta de alforria. E, ao chegar em “casa”, fui recebida como? Com desdém. “Já perdeu o emprego? Mas você não sabe que é mais fácil conseguir um outro emprego estando empregada?”

Durante esse mês que eu trabalhei fora, as coisas começaram a se tornar insuportáveis em casa também. O vício em computador do cidadão em questão era fora dos limites – isso porque eu fui condicionada a minha vida inteira a acreditar que eu era viciada! – Ou seja, mesmo ficando em casa o dia inteiro e fazendo nada na maior parte do tempo, ele reclamava da louça suja, e quem precisava lavar quando chegava era eu. Não me levem a mal. Mas depois de dez horas em pé e de pelo menos umas 13 ou 14 fora de casa, a última coisa que você quer pensar é em… lavar louça quando você tem trabalho a ser feito pro dia seguinte, e ainda precisa acordar às 4 da manhã, especialmente se você não mora sozinha. (Tenham em mente: Eu chegava em casa por volta das 19~20 horas, dependendo do engarrafamento do dia)

Mas as coisas não pararam por aí. O barulho de determinado app do meu celular incomodava ele, porque lhe dizia que eu estava falando com a minha melhor amiga da época: alguém de quem ele tinha ciúmes sem parar. Eu é que não podia ter ciúmes dos amigos e amigas dele, ai de mim. Eu tinha que entender que ele tinha uma vida antes de me conhecer (mas eu não tinha! isso era inaceitável hahaha – entenderam onde mora o perigo?)

Eu não tinha mais ânimo para escrever. Não tinha mais ânimo para assistir séries. Eu estava morrendo por dentro. E para mim, o ponto final da morte foi quando eu precisei pedir permissão para ir num evento literário com a minha mãe, já que ele não queria ir, e a permissão me foi negada. É, é isso que vocês leram. A permissão foi negada. Eu estava tão cansada, que aquela relação já não fazia mais sentido para mim. Os presentes que ele me dava não faziam mais sentido para mim. Eu me sentia suja todas as vezes que tínhamos relações sexuais. Estar ao lado dele parou de me trazer conforto e felicidade, e só aumentava a tristeza que havia em mim.

Não há maneira de comprar sentimentos, assim como não se pode comprar felicidade. Não se pode comprar saúde ou bem estar. É impossível comprar bons momentos – eles precisam ser vividos. Até é possível usar dinheiro para que esses momentos se tornem realidade: uma viagem, um cruzeiro, um passeio, uma visita à Disney… mas as memórias anexadas aos bons momentos que você viveu, elas não podem ser compradas. É possível fazer uma viagem e não carregar nenhum bom momento com você dela. Já aconteceu comigo. É possível causar fiascos na tentativa de compra de felicidade.

Se você acha que a sua felicidade repousa num carro, num computador, num celular, num console, numa TV, num fone, numa marca, num bem específico… pense duas vezes. Se você acha que a sua vida vai automaticamente melhorar somente porque você tem boas condições de vida, pense duas vezes. Se você acha que, tendo o melhor plano de saúde, você poderá evitar doenças e viverá melhor… veja quantos milionários, ricos, famosos já morreram. Você realmente acha que eles não evitariam a morte se pudessem? Você realmente acha que eles não queriam ficar ainda mais ricos, em vida? Dinheiro não compra tudo. Existem coisas que você só pode ter, se conquistar. A confiança das pessoas, por exemplo, não pode ser comprada. A amizade verdadeira, não pode ser comprada. O amor, não pode ser comprado. Não importa quanto de dinheiro você tenha, algumas coisas nunca mudam. Aprenda que o único responsável pelo seu bem estar é você mesmo. O dinheiro até pode te ajudar em alguma coisa, pode te trazer algum conforto. Mas ele não pode comprar quem você é e muito menos uma vida perfeita. Isso quem tem que construir é você mesmo.

 

Essa história é parte do desafio do Nanowrimo 2020, e está sob a tag “Aconteceu Comigo”. Os fatos são reais, mas algumas informações foram modificadas para segurança dos envolvidos.

Se existe uma verdade no universo mágico, é que criaturas mágicas amam pão de queijo

Narrador: Era uma noite de lua cheia em que Annie estava novamente vestida em seus trajes de “bruxa”. Na verdade, consistia somente em uma roupa mais confortável do que a normal, um longo e belo vestido que parecia refletir a luz da lua.

Annie: Espero que hoje seja uma noite calma. Estou cansada de ter que lidar com humanos que desconhecem o poder da magia…
Rika: (esta aparece com um macacão cinza e uma blusa azul) Estou atrasada! Estou atrasada! Não acredito que perdi a hora para a noite do pão de queijo!
Annie: (fica aparentemente confusa com a chegada da garota) Minha cara, está perdida? Você falou em… pães de queijo???
Rika: Estou tão perdida, que acabei vindo parar para esse lugar que não conheço. (ela vira-se para Annie) Sim, pão de queijo! Combinei com o meu amigo fazer isso esta noite.
Annie: E como é esse seu amigo? Posso tentar encontrá-lo com o uso de runas… Perai… sempre trago minhas runas (mexe nos bolsos) Onde estão mesmo?
Runas? Você é tipo viking?? Não, você não tem cara de viking. (ela pensa um pouco e pretende responder a outra pergunta) Meu amigo é alto, usa um terno e gravata e carrega um microfone consigo. Todos o chamam de Locutor, por causa disso.
Annie: Não, minha cara. Sou uma bruxa lunar. Ah! Aqui! Minhas runas! Vamos ver…
Rika: Ah! Uma bruxa lunar. Que coisa mais interessante. Suas runas são muito bonitas!
Annie: Obrigada, minha cara… Bem… (olhando fixamente para as runas) Acho que seu amigo se perdeu… também…
Rika: Nossa! Ele se perdeu também? Aquele Locutor! Sempre desconfiei que ele não era tão bom assim em tudo.
Annie: Sim, deixe-me ver… (A garota começa a falar umas palavras em língua mágica e abre um portal com o amigo de Rika) Pronto, acredito que trouxe a pessoa certa!
Rika: Não, esse não é o Locutor. É a fada Matilde.
Matilde: Que ótimo! Eu sou uma interferência mágica.
Annie: Ops… Acho que minhas runas não estavam tão certas… (coça a cabeça pensativa) Bem. Prazer, pessoal, eu sou a Annie, uma bruxa lunar… deixe-me tentar resolver esse problema…
Matilde: Ah, você é uma bruxa lunar?
Rika: Eu sou Rika! É muito bom conhecê-la, Annie.
Matilde: Dificilmente vejo bruxas lunares. Sou a Matilde, como a garota já falou.
Annie: Sim, sou uma bruxa lunar! Ainda estou me acostumando com a tarefa. Nem sempre faço a coisa certa, pelo visto (ri, meio sem graça) Mas vou tentar consertar
Matilde: Tudo bem, não há problema algum, minha cara Annie (ela tenta sorrir para não parecer intimidante) Você vai conseguir consertar… Seja lá o que for que você queira consertar.
Rika: Não se sinta desencorajada!
Annie: Vamos lá, vamos tentar novamente… (ela pega as runas outra vez e se concentra, abrindo um portal) …Talvez… agora?
Matilde: Não, minha querida Annie. Tudo que você fez foi causar a Rika uma transformação de moda.
Rika: (olha para a fantasia) Eu sou uma fada, agora? Minha nossa! Calma, na próxima você vai conseguir.
Annie: Céus! Desculpe! Acho que essas asas não devem funcionar muito bem, não recomendaria usá-las… Acho que o melhor meio de resolver isso, é sem magia mesmo. (pega um alto-falante) LOCUTOR, ONDE ESTÁ VOCÊ??????
Matilde: Boa escolha de solução, Annie.
Rika: Olhe só! É o Locutor chegando! Cadê meus binóculos… (tira do bolso o seu binóculos) É ele mesmo! Você conseguiu, Annie! Parabéns.
Annie: Nada como usar um bom e velho alto-falante! (ri) Bem, acredito que agora podemos todos comer pães de queijo. Digo, se não se importarem com minha companhia!
Rika: Claro que não! O Locutor com certeza não vai se incomodar. Não é, Locutor? (ela e Matilde se viram para o personagem que acaba de chegar)
Locutor: Olá! Eu não vou me incomodar de fazer o quê?
Locutor: Ah! Não há problema algum, é claro. Quanto mais gente melhor (olha para as fadas) Isso inclui a fada Matilde e a fada Lily, é claro. Não há problema algum!
Rika: Ufa, ainda bem. Fadas AMAM pão de queijo.

Narrador: E desta forma, todos foram felizes comer pão de queijo ao luar. Um excelente final feliz, não é mesmo, meus caros?

 

 

História escrita em conjunto com a Moon! Obrigada por sua participação aqui no Nemuritai!

Não existe almoço grátis

Eu não sei se essa vai ser exatamente uma história, creio que vai ser mais uma lição de vida mesmo. Era pra ter sido postada ontem, já que foi acionada por um motorista de Uber que peguei. O título, “não existe almoço grátis” se refere a uma frase popular de economia. A ideia por trás dela é bem simples: Nada lhe é oferecido de graça, existe sempre alguém pagando a conta por algo que você está consumindo gratuitamente.

Essa “historinha” se passou ano passado. Não vou contar muitos detalhes sobre as situações que levaram a ela, algumas pessoas conhecem essa história. Acho que o mais importante é a lição que eu tirei de vida de tudo que aconteceu. Ficou combinado que eu ficaria de favor na casa de uma pessoa. Como eu a conhecia há muito tempo, não achei que esse fosse um problema – era menos um gasto pra mim, afinal. Não nado no dinheiro, como muitas pessoas pensam, afinal de contas. Muito pelo contrário. Se eu contasse sobre meus problemas financeiros aqui no Nemuritai, vocês cairiam para trás e me ajudariam no ko-fi ou no paypal (risos). Mas, de volta a história, logo percebi que hospitalidade não é de graça, assim como o almoço também não é.

É importante lembrar que, em vários momentos, achamos que alguma coisa nos é dada de graça, mas na verdade, nenhum serviço ou produto está sendo oferecido de graça. Sempre há alguém pagando por aquilo que consumimos gratuitamente. Quando o seu serviço de delivery favorito lhe faz uma promoção de frete grátis, tem alguém pagando o frete para que aquele entregador vá ao seu endereço lhe entregar seu pedido. Quando uma operadora lhe oferece uma promoção, existe, normalmente um contrato de fidelidade para que você, pague por aquela promoção ao decorrer do seu consumo nos próximos 12 meses. Quando te oferecem um trial de 30 dias, alguém está pagando para que você possa consumir por 30 dias aquele serviço “de graça”. É assim que o capitalismo funciona.

Parece simples dizer isso, e algo óbvio também, mas eu gostaria de relembrar que o capitalismo é um sistema que visa o lucro. E a maneira mais fácil de lucrar, é, obviamente, comprando barato e revendendo mais caro. Então, por que razões alguém ofereceria um serviço ou produto gratuitamente? Então, chegamos a nossa singela frase-título. “Não existe almoço grátis”, ninguém oferece nada gratuitamente. Existe sempre uma condição para que o gratuito passe a valer, perceba. Para o frete ser grátis, você precisa gastar mais que X reais. Para que você receba tal promoção, você precisa concordar em manter seu número por mais 12 meses ou haverá quebra de contrato e multa. O trial de 30 dias normalmente te lembra o tempo inteiro das maravilhas que seria se você comprasse aquele programa e do quanto você está perdendo por não comprá-lo neste exato momento.

O local que eu fiquei também não foi de graça durante essa viagem. Me custou passar por momentos desagradáveis e não poder reclamar. Me custou uma amizade. Me custou situações que eu nunca esperava ser julgada da maneira que fui, e sequer tive a oportunidade de me defender. A gente pensa que as coisas são feitas de bom grado, mas nem sempre elas são assim; às vezes elas são feitas pela simples razão de… terem de ser feitas.

Acho que o que eu quero dizer com isso é que não espere que as pessoas te entendam ou de alguma maneira vão de tratar como você as trata. Isso não existe. Nessa vida, você vai ser importante enquanto for útil, e depois vai ser descartado por aqueles que não ligam para você. Só permanece quem não te trata como serviço ou produto e sim como um humano. E é fácil saber quando você está sendo tratado como serviço ou produto. Só olhe ao redor. Se um produto está te sendo oferecido de graça então isso é sinal de que o produto é você.

Lembre-se disso sempre.

Se um produto está sendo dado de graça, significa que o produto é você.

Não existe almoço grátis.

Nenhum empresário produz algo que não dê lucro, ninguém entra no mercado para perder.

E então, você quer mesmo continuar sendo garoto propaganda daquela marca famosa sem ganhar um tostão por isso?

 

Essa história é parte do desafio do Nanowrimo 2020, e está sob a tag “Aconteceu Comigo”. Os fatos são reais, mas algumas informações foram modificadas para segurança dos envolvidos.

“A verdade nunca é de graça, mas às vezes ela está na promoção”

Eu admito: Eu não ia escrever sobre isso hoje. Na verdade, estava com um post já rascunhado quando coisas aconteceram e eu deletei todo o post para escrever sobre o que vou falar agora. O título do post não é meu, é de um personagem do Animal Crossing. Às vezes, os personagens de jogos são mais sábios que nós. Me pego pensando como cheguei neste ponto que estou hoje, comendo pães de queijo – minha comfort food –  e bebendo suco de uva, com um notebook no colo, escrevendo enquanto choro horrores.

“Não tinha nada mais bonito para você postar?”, alguns dirão. E eu respondo com a mais singela expressão de “Não” que eu conheço. O desafio é escrever todos os dias, e a série é “Aconteceu Comigo”. Quer algo melhor que um acontecimento do dia? Talvez, o post que eu apaguei já rascunhado fosse ter uma moral linda e edificante, diferente deste, mas eu não me importo. Não escrevo fábulas, nem escrevo para agradar a ninguém. Escrevo para mim mesma.

Então, falaremos sobre a promoção da verdade que eu encontrei esta semana: Sou uma pessoa insuportável. Não que eu não soubesse disso a esta altura – ora essa, eu tenho quase 30 anos, se nesse tempo todo eu não me conhecesse, seria até estranho, especialmente para uma pessoa que faz terapia – mas parece que sempre há um jeito de ser lembrada dos piores traços de personalidade que se carrega. A culpa é dos astros, canso de dizer, mas ninguém parece entender isso. A astrologia é pseudo-ciência, afinal. Talvez um dia acreditem que eu não tenho tanta culpa quanto acharam que eu tinha. Talvez seja tarde demais. Sou uma pessoa que também não merece o amor, especialmente da pessoa amada. Eu não vou citar nomes nem trocarei por segurança nem farei nada disso. Porque estamos sendo generalistas aqui. Ainda que fosse outra pessoa, eu continuaria não merecendo. Eu sinto falta de ser aquela pessoa brilhante que outrora eu fui em minha infância. Que aprendeu inglês sozinha, que se virou no espanhol sem ajuda de ninguém, que mexia em duzentos programas diferentes no computador e por incrível que pareça aprendia a mexer em todos e descobria um monte de coisas que as pessoas normalmente não sabiam. Que era prodígio em química, e chegou a cogitar um ensino superior nessa área. Que sempre sonhou com Direito, mas no fim, quis fazer a diferença através da educação… e não conseguiu.

As pessoas não gostam de mim, salvo talvez uma ou outra exceção. Sou incapaz de cativar alguém, como diz a Raposa de O Pequeno Príncipe. E como sou incapaz de cativar alguém, sou igual a todas as outras sete bilhões de pessoas nesse mundo. Se você leu esse livro, vai entender do que estou falando. Se você não leu, bem, fica aqui de recomendação um livro maravilhoso para sua leitura e compreensão posterior. O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry. É um livro bem curtinho, não vai tomar muito do seu tempo, e vai te dar bases e fundamentos bem importantes para compreender uma frase que eu adoro, como “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”.

Se você que está lendo isso, ainda não conseguiu entender o sentido do post de hoje, peço minhas licenças para explicar de maneira mais clara, se é que sou capaz. Eu estou aqui, abrindo o meu coração e me julgando uma falha após ter crescido. Era melhor que eu tivesse permanecido eternamente na infância, onde eu era uma pessoa minimamente diferente. Mas a gente cresce e percebe que às vezes nem tudo são flores, nem todas as rosas desabrocharam, e nem todo o jardim foi regado da maneira correta. Às vezes faltou adubo. Às vezes faltou um solo mais propício. Às vezes não faltou nada, só a semente que não vingou da maneira correta, me entendem?

É difícil dizer isso, mas nessas horas, o maior Consolador que já existiu (O Espírito Santo, para quem não tem noção bíblica) me diz exatamente o que eu preciso ler. E está lá em Mateus 13:24-30:

Jesus lhes contou outra parábola, dizendo: “O Reino dos céus é como um homem que semeou boa semente em seu campo.
Mas enquanto todos dormiam, veio o seu inimigo e semeou o joio no meio do trigo e se foi.
Quando o trigo brotou e formou espigas, o joio também apareceu.
“Os servos do dono do campo dirigiram-se a ele e disseram: ‘O senhor não semeou boa semente em seu campo? Então, de onde veio o joio? ’
” ‘Um inimigo fez isso’, respondeu ele. “Os servos lhe perguntaram: ‘O senhor quer que vamos tirá-lo? ’
“Ele respondeu: ‘Não, porque, ao tirar o joio, vocês poderão arrancar com ele o trigo.
Deixem que cresçam juntos até à colheita. Então direi aos encarregados da colheita: Juntem primeiro o joio e amarrem-no em feixes para ser queimado; depois juntem o trigo e guardem-no no meu celeiro’ “.

As verdades aparecem sempre, e talvez eu seja esse joio que foi plantado no meio do trigo. E agora que estou crescendo, devo ser queimada em feixes antes que eu destrua toda boa obra e boa semente colocada junto a mim. Não posso manter absolutamente nenhuma esperança de ser salva. A verdade não vem de graça; ela vem com um alto preço: Normalmente, o preço é a culpa que se instala em nós por todos os momentos em que estamos pensando no assunto – e às vezes, quando não estamos, também. Mas às vezes é pior. Às vezes vem junto com a indiferença ou com situações embaraçantes perante pessoas que você simplesmente não esperava. E aí, o que dói mais? Não sei. Não faço nem mesmo ideia se ainda este post faz algum sentido para quem está lendo. Só sabemos que nada é de graça. Não existe almoço grátis, afinal. Falarei disso amanhã, com mais detalhes, mas já vou adiantando o fato de que “almoços grátis” são impossíveis. Você pode encontrar qualquer item em promoção, inclusive a verdade. Mas nunca vai encontrar alguém que lhe dê esta sabedoria de graça. As pessoas sempre cobram por seu serviço. Não acredite em determinadas gentilezas. O mundo é capitalista por uma razão.

Só há um vencedor. ABBA já nos disse isso há muitos anos, The winner takes it all, ou seja, o vencedor fica com tudo. Tudo que temos, tudo que somos, tudo pelo que lutamos durante anos. O vencedor recebe tudo de mão beijada porque ele é o vencedor, e a ele lhe foi dada a vitória e o direito aos espólios. Não existe uma razão pela qual este apropriamento seja inadequado. Por que ainda reclamamos? Devíamos parar e agradecer que o vencedor não pode tirar a nossa vida junto com tudo que mais nos importa. Afinal, assassinato ainda é crime.

 

 

Essa história é parte do desafio do Nanowrimo 2020, e está sob a tag “Aconteceu Comigo”.

Abstrai e finge demencia

Talvez eu choque alguns de vocês com a revelação bombástica de que eu sou cristã, pertenço a uma igreja e já congreguei a dezoito quilômetros da minha casa. Talvez choque vocês mais ainda, saber que sou de uma igreja tradicionalista, conservadora e… sabatista. Pois é. A minha crença guarda o sábado como o dia do descanso de Deus após a criação. Não. O post de hoje não é para evangelizar ninguém. É, para, como esta série se propõe, contar casos que aconteceram comigo. E vocês entenderão logo porque os casos de hoje estão entitulados como “Abstrai e finge demencia”. Sim, os casos. Vou contar dois em um post só, afinal, os dois tem a ver com a minha religião. Na verdade, eu tenho vários outros casos para contar. Mas hoje, se contentem com esses dois.

Primeiro:

O fim de ano se aproximava rapidamente e teríamos aulas até o feriado de Natal e Ano Novo. Neste dia, estávamos num shopping, depois da aula da faculdade, em três, lanchando e conversando amenidades. A decoração natalina já estava posta e todo o shopping respirava aquele verde e vermelho tão comum das festas natalinas. Que fique claro aqui: Eu não acredito que Jesus tenha nascido no dia 25 de dezembro. A Bíblia não nos dá a data exata, mas nos dá indícios suficientes para sabermos que não pode ter sido em dezembro. Além do mais, vocês acreditam que um capricorniano iria tomar os pecados do mundo inteiro e morrer por todos nós? Ok, pararei de graça e continuarei a narrar.

Em um dado momento, por alguma razão, alguém mencionou o natal, e nossa colega, Lila, se revoltou imediatamente, “Vocês acham que esta data não é comercial? Não está na Bíblia! Estão deturpando a palavra de Jeová. Isto é errado, e comemorar isso fará com que vocês sejam aniquilados” (sim, exatamente desta maneira, meus caros…). Eu e minha outra colega, esta da mesma crença que eu, nos entreolhamos, “Bom, não acreditamos que Jesus tenha nascido no dia 25 de dezembro, mas… é uma data em que as pessoas costumam abrir o coração para a bondade e estão mais dispostas a ouvir a palavra da salvação…”

“Mas é preciso evangelizar todos os dias, bater de porta em porta, fazer o trabalho como Jesus fez…”

E bem… Sim, meus amigos, essa nossa amiga continuou falando por pelo menos mais uma hora sobre como estávamos errados em nossa crença e sobre como a igreja dela era a única que salvava porque obedecia TODA A BÍBLIA (apesar dela só guardar nove mandamentos ao invés de dez, não é mesmo? Risos, risos, risos. Não, não venham discutir comigo sobre isso. Eu não estou disposta a convencer vocês, assim como não estava disposta a convencê-la nesta ocasião)

Enfim, esta amiga se despediu de nós e pegou seu ônibus para casa. Jessica e eu nos entreolhamos. “O que foi que acabou de acontecer?”. Perguntei-lhe ainda estupefata da reação de Lila. “É por isso que não converso sobre religião com ela. Ela não consegue ouvir nada que seja divergente da opinião dela. E a opinião dela não concorda muito com o que as outras pessoas dizem sobre alguns assuntos”.

Nessa época eu não entendia, mas Jessica também não me explicou. Conforme eu fui andando mais vezes com Lila e ela, no entanto, as coisas se tornaram mais claras para mim. Lila era Testemunha de Jeová, e, assim como eu sei que existem extremistas em todas as religiões, ela era o tipo de pessoa que defendia a dela com unhas e dentes sem ouvir a opinião de mais ninguém. Sequer ligava para o fato de que cada um pode ter a sua própria opinião, sem que o outro precise necessariamente se converter à fé dela.

Mas aprendi que com certas pessoas é difícil de argumentar e difícil de lidar, também. As outras vezes que conversei com Lila, evitei todo assunto ligado à religião. Não só com ela, mas com boa parte dos colegas que eu tinha que pensavam como Lila. A melhor saída é só realmente abstrair e fingir demencia. Certas coisas não podem ser conversadas, assim como certas coisas são melhores quando não ditas.

 

Segundo:

Estava chegando o momento da solenidade da minha formatura, e nos INTIMARAM a ir em uma reunião na faculdade… num dia de sábado. Lembram que eu comentei que minha religião guarda o sábado? Pois bem. O que isso significa na prática? Sem problemas pessoais resolvidos no dia do Senhor. Com a minha falta e a de Jéssica (que também se formava na mesma época que eu), a faculdade emitiu um comunicado dizendo que se alguém trabalhasse ou tivesse outra ocupação, que faltasse a suas ocupações em dia de sábado para participar das reuniões, que atestados seriam emitidos. Nossa reação foi imediata.

“Como mandar um atestado para Deus?”

“Alguém tem o endereço do céu?”

Levamos nossas cartas da igreja, provando que todas as atividades realizadas entre o pôr do sol de sexta-feira e o pôr do sol de sábado devem ser atividades compatíveis com a nossa fé – neste caso, atividades de honra ao Criador e de descanso para nós. Veja bem que, quando dizemos descansar, não nos referimos a dormir o dia inteiro. Em realidade, sábado provavelmente é o dia em que mais trabalhamos (parece contraditório?). É o dia em que vamos a igreja (e nesta época eu congregava NUMA IGREJA QUE FICAVA A DEZOITO QUILÔMETROS DA MINHA CASA), é o dia em que fazemos visitas, evangelizamos, e nos deleitamos nas criações de Deus.

Éramos as únicas a não participar das reuniões de formatura e ousaram nos dizer que não poderíamos formar por causa disso – sendo que estivemos presentes em todos os outros momentos, e inclusive pagamos como todo mundo, tudo o que tínhamos que pagar para nos formar com solenidade.

Reclamamos com os funcionários da universidade e então a última reunião não foi marcada para um sábado. Bem, se as pessoas podem levar atestados para seus trabalhos nos sábados, elas podem levar para outros dias também. Não podemos entregar um atestado a Deus, muito menos desobedecer Sua palavra por causa de homens. Todos, é claro, nos olharam de olhos retorcidos. Mas o que podemos fazer, além de abstrair e fingir demencia?

O que estou tentando dizer é que às vezes é necessário ignorar os outros para viver bem consigo e com suas próprias convicções. Não podemos viver em função do outro, mas não podemos ignorar o que também é direito nosso. As caras feias e os olhos retorcidos vem, mas é só abstrair. Cara feia? É fome. Ofereça um biscoito. Rolou os olhos para você? Finja demencia e nem ligue. A vida é muito curta para se importar com coisas que não te colocam pra cima. A vida é muito curta para se preocupar com quem não se preocupa com você. Jesus disse “Ame o Senhor, o teu Deus, de todo o teu coração, de toda tua alma, de todo o teu entedimento e de todas as tuas forças (…) Ame o teu próximo como a ti mesmo” (Marcos 12:30-31). Não há como amar a alguém, se você não se ama. E como você pretende se amar se não se coloca em primeiro lugar em suas convicções ou qualquer coisa abala sua fé? Só existe uma maneira de cumprir o mandamento por completo, e esta maneira é amando aos outros da mesma forma que você se ama, que você cuida de você, que você se respeita. Se você não consegue fazer nada disso por você, nunca irá fazer pelo outro. É impossível criar empatia sem amor. É impossível criar laços sem amor. É impossível se preocupar, sem amor. É impossível cuidar, sem se preocupar, e desta maneira, também é impossível cuidar sem amor. Tudo que nós podemos fazer quando estas coisas acontecem, é nos afastar. Precisamos dar valor a quem nos dá valor. Precisamos cuidar de quem cuida da gente. Precisamos estar com quem está com a gente. É necessário separar o supérfluo do necessário. Só gaste suas forças com quem está contigo para te apoiar mesmo quando suas forças acabarem. Fora isso? Abstrai… e finge demencia.

 

Essa história é parte do desafio do Nanowrimo 2020, e está sob a tag “Aconteceu Comigo”. Os fatos são reais, mas algumas informações foram modificadas para segurança dos envolvidos.

Olá? O que estou fazendo aqui?

Narradora: Era um dia tranquilo onde Annie estava parada, olhando para aquele pequeno… objeto chamado “câmera” em sua frente. (A pessoa por trás da câmera dá um pequeno empurrãozinho em Annie e sussurra) Vai lá, se apresenta!

Annie: Olá, bom dia, boa tarde, boa noite! Meu nome é Annie! Eu sou uma garota com poderes mágicos vindos da lua, por isso, só posso demonstrá-los durante a noite

Narradora: Você quis dizer que é uma bruxa noturna?

Annie: (Sem jeito) É… é quase isso… Na verdade…

Jennifer: Annie, garota, admite logo. Você tem poderes mágicos, faz feitiços e poções. Se não é uma bruxa, é o quê? Uma fada?

Lily: Ei, ei, ei! Fada sou eu! Ela não fez o teste para entrar no mundo das fadas, não!

Todos, menos Lily: DESDE QUANDO TEM UM TESTE?!

Lily: Ai, gente, vocês não sabem de nada… (Sai voando enquanto lixa as unhas)

Narradora: Voltando… Jennifer… ahn… se apresente…

Jennifer: Eu sou a Jenny! (Faz sinal de paz e amor) Sou uma humana normal, muito obrigada. Eu ajudo essa louca a fugir durante a noite sem ninguém ver para se encontrar com as amigas bruxas dela.

Annie: Não fale assim, Jen!

Jennifer: O que posso fazer se estou falando a verdade?

Narradora: Ei, não vão brigar! Não terminamos ainda aqui! Annie, fale um pouco do seu trabalho.

Annie: Eu salvo as pessoas, mantenho a paz na cidade de Lightown e ofereço serviços mágicos para pessoas que queiram se conectar com a lua por alguma razão.

Narradora: Tipo?

Annie: Conhecer mais sobre si mesmo, ver seu futuro, ou sei lá… As pessoas que decidem o que elas querem. Eu só faço a ponte, ué.

Narradora: Então você não faz magia tipo Harry Potter?

Annie: Harry Potter não existe! Magia feito aquela é coisa de ficção. A magia verdadeira está em nossos corações e em nossa alma!

Narradora: MEU DEUS, QUE LINDO! CORTA!

 

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O curioso caso de Adrienne – ou também, como fazer inimigos na faculdade

Se pudessemos resumir essa história em uma palavra, poderíamos resumí-la em “mentiras” e “autora se revoltando”, mas como isso é uma narrativa, caro leitor, eu irei descrevê-la com os detalhes que os nove anos que já se passaram me permitem. Perceba, não é minha intenção, em momento algum, ser uma hater da Srta. Adrienne, aqui, porém, permitam-me dizer que eu nunca fui com a cara dela desde o comecinho. Ok, ok, eu tentei ser amiga da srta mencionada, ela tinha alguns gostos em comum comigo, musicais praticamente. Mas era o tipo de pessoa que incomodava incrivelmente a minha pessoa por ter aquela personalidade de gente arrogante só porque tem dinheiro – e se você não sabe do que eu estou falando, é porque ou nunca conheceu alguém assim, ou porque você é a pessoa rica.

Passado esse pequeno momento introdutório, vamos aos fatos. Pegamos uma disciplina em grupo na faculdade. Eu Adrienne, e mais uns 3 ou 4 amigos. A ideia é que nos ajudássemos, já que a disciplina consistia de pequenos trabalhos de tradução em grupo, e todas as notas também eram dadas em grupo. No primeiro dia de aula, formamos nosso grupo, e, mesmo não tendo nenhum CDF no grupo (não para aquela matéria, ao menos), acreditávamos que iríamos nos sair bem, afinal, a união faz a força e não somente açúcar! (Desculpe a quem não riu, esse é meu nível de humor, mesmo). Como sempre, o primeiro dia era para que todos se conhecessem melhor, mas como boa parte do grupo já se conhecia graças a uma outra amiga em comum, só fizemos nos juntar para conversar de anime, mangá e música – basicamente cultura asiática, porque era o que todos tinham em comum no grupo. Como todos estavam presentes e não tinha acontecido nada demais, decidimos que aquele seria nosso grupo fixo, afinal, o que poderia acontecer, não é mesmo?

Pois bem, essa pergunta eu respondo logo na semana que veio após esta (as aulas desta disciplina eram semanais). Adrienne chegou um pouco atrasada, pois, segundo ela, precisou resolver um problema seríssimo na família. Tudo bem, imprevistos ocorrem, deixamos passar. Na outra semana, ela, sorrindo, nos contou que havia ganhado um carro (!!!!!!) por passar no vestibular (Só de comparação: Eu ganhei um “não fez mais que a sua obrigação”). Demos os parabéns, e vida que segue, com exceção que ela só sabia falar deste bendito carro. E aí começam de fato os casos mais curiosos dessa história.

Na terceira semana, Adrienne chegou faltando quinze minutos para a aula terminar. A desculpa? “Gente, eu bati meu carro num poste!”

Quarta semana: “Gente, eu bati numa árvore!”

(E eu pensando: Essa menina não tirou carteira de motorista, não? Porque Deus, como é possível toda vez que ela sai de carro ela bater em algo?)

Quinta semana: “Gente, eu fiquei presa num engarrafamento terrível!” (De todos nós, ela era a que morava mais perto da faculdade E ainda tinha carro. Todo mundo chegava no horário, menos ela)

E assim se seguiu pelo semestre quase inteiro. Toda semana, uma nova desculpa. Inclusive, “dei PT no carro, meus pais vão me matar” (somente para na semana seguinte contar que os pais deram um carro novo para a srta citada, SIM, MEUS CAROS, UM CARRO NOVINHO!!!), e coisas do tipo. E como sempre, ela chegava no fim da aula, e ajudava o grupo a traduzir vários nadas, porque geralmente quando ela chegava, toda a atividade já estava pronta e entregue para a professora.

Até o dia que a alma que vos escreve, resolveu dar um ponto final nisso. Veja bem, posso não ser a maior conhecedora ou credora de signos, mas uma hora uma leonina com ascendente em áries cansa de ser feita de idiota e toma a liderança da bagunça. É absolutamente importante lembrar que eu perco a paciência com a mesma facilidade que aquele mata-baratas da propaganda da TV (não vou fazer merchan de graça, né, queridos) tonteia as baratas depois de você soltar um jato bem em cima de uma. Então, se você me perguntar como eu tive tanta paciência com a Adrienne… bem, nem me pergunte, porque eu também não sei. Acho que foi pra evitar treta com minha outra amiga que era amiga dela. Mas chegou um momento que simplesmente… não deu mais.

Primeiro porque a menina me irritava em todos os gêneros, números e graus possíveis, segundo que ela não estava ajudando em nada, e na maioria das vezes quem estava DE FATO fazendo o trabalho era… EU. Como eu disse, ninguém era CDF na matéria, mas no fim das contas, se alguém do grupo sabia um pouco mais, esse alguém era eu. Não porque eu sabia a língua em questão (que eu não vou revelar aqui qual é por razões de segurança), mas porque eu tinha experiência em tradução, e sabia o que fazer. Coisa que os outros do grupo não tinham ainda. (Eu espero que eles tenham adquirido até o momento de sua formatura)

Então, eu chamei o amor de pessoa que era nossa professora. E digo o amor de pessoa, porque ela era inocente que nem uma criança. As pessoas passavam a perna nela com tanta facilidade que chegava a dar dó. Eu não estou exagerando, para uma senhora de idade, ela parecia não conhecer a maldade do mundo. Metade da sala ria da cara dela quando ela pegava a lista de presença e fazia chamada, porque inventavam nomes que não existiam para ela chamar, colocavam famosos mortos, enfim… Faziam tanta graça com a coitada, que às vezes eu me perguntava porque as pessoas eram tão más. Chamei a professora e expliquei a situação. Adrienne tinha o nome no nosso grupo, mas não estava fazendo as atividades, porque ela sempre chegava faltando dez ou quinze minutos para a aula acabar, e só fazia assinar a lista de frequencia. Não era justo que ela fizesse prova com a gente.

Pois bem, a professora chamou a dita cuja para conversar, e então ela veio para cima de mim, com toda raiva do mundo, dizendo que eu estava sendo injusta com ela, porque ela tinha largado a faculdade de medicina dela para correr atrás do sonho de se formar em Letras e EU estava destruíndo este sonho, deixando ele em pedaços, com a minha falta de compreensão dos problemas que ela tinha para chegar na faculdade. Chegou ao ponto de dizer que eu tinha inveja do fato dela já ter viajado para um certo país asiático, já ter conhecido pessoas influentes e ter um carro, e eu estava fazendo tudo aquilo para ela perder nesta disciplina porque eu não suportava o fato de que ela era melhor que eu em tudo.

Eu não sabia se ria, ou chorava. No final das contas, acabei soltando uma longa gargalhada. Imagine se pode, eu com inveja de uma pessoa que mal conseguia chegar na aula no horário certo, sendo que eu sempre fui a pessoa mais pontual do universo. Eu, com inveja dela ter viajado, sendo que eu sempre prezei por conseguir as coisas com meu próprio dinheiro e esforço (e não com o dinheiro de papai e mamãe), e principalmente, imagine se eu iria fazer alguém PERDER NUMA DISCIPLINA POR PURA INVEJA. Faz-me rir, certamente. Enfim, Adrienne ainda teve a cara de pau de dizer para a professora que eu quem não fazia nada – só que é claro, a desculpa não colou – afinal, eu sempre chegava cedo, estava sempre na sala de aula, estava sempre com meu livro da disciplina, e sempre fazia todos os exercícios, fosse de classe ou de casa. No fim das contas, conseguimos que a prova da disciplina fosse feita de maneira separada (apesar de que a sala não deve ter ficado muito feliz com isso, já que aí todo mundo precisou fazer individual, mas veja bem, a culpa não foi minha, não fui eu que tentei me beneficiar de um sistema para passar sem fazer esforço!)

O resultado?

Bem, eu deixo vocês adivinharem. Não deve ser muito difícil com todas as dicas que eu já dei aí em cima. Ou vocês ainda acham que é? Para não estragar qualquer possível surpresa de algum curioso que não vá ler esse post todo, resolvi colocar o resultado no “Leia Mais”, afinal, por mais óbvio que seja, a gente tem que terminar a história não é, meus caros?

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A saga do ônibus invisível

Essa história aconteceu há uns dois anos, e sei que pouca gente vai acreditar, mas vou chamá-la de “saga do ônibus invisível” ou também de “como o poder da oração faz milagres”. Eu sei que os mais céticos vão custar a acreditar, e na verdade eu não ligo, porque veja bem, só eu sei que a história é completamente verdade e eu não tenho porque mentir aqui neste blog.

Era um dos dias que eu saía a noite da faculdade, por volta de nove e meia, dez horas. Nesse dia, eu certamente saí antes da aula terminar. Na realidade, isso era algo comum da minha pessoa, porque eu não tinha ônibus depois das dez, horário que minhas aulas terminavam. Se eu esperasse dar dez horas, minha única solução para voltar para casa era pegar um Uber, e qualquer pessoa que me conheça, sabe o quanto eu tenho medo de andar no carro de um desconhecido sozinha, ainda mais em tal hora da noite. Podem perguntar, meus amigos estão aí para confirmar tal informação. Quantas vezes, meu Deus, quantas vezes eu já disse que iria pegar um ônibus mesmo com todo mundo dizendo “vamos de uber que é mais rápido”. Quantas vezes eu deixei de ir à algum lugar porque não tinha ônibus para esse determinado lugar e eu precisava pegar um Uber! Enfim. De volta a história.

Peguei meu 1131, como o costume sempre me fez pegar. Gostava dele pois era muito mais rápido que qualquer outro ônibus para a estação de metrô – não, eu não pegaria o metrô, mas era onde ficava o ponto de ônibus onde eu poderia realizar a integração com o ônibus direto para casa. Mal havia pego este ônibus, e ele subia a ladeira que dava acesso ao bairro em que eu estava (e também era saída dele), e ao olhar para baixo da ladeira, ao longe no horizonte, eis que vejo o meu ônibus se dirigindo ao destino dele, amarelo… 0215… Opa! Aquela bandeira impossível de ser confundida!

Era o último da noite.

O desespero bateu.

O 1131 era, de fato, o ônibus mais rápido que havia no bairro da minha faculdade, mas ainda assim, ele demorava uns quinze minutos para chegar em meu destino, sem engarrafamentos pelo caminho, é claro. Sempre muito cheio, sempre parando em todos os pontos, sempre sendo parado por todos os semáforos do local, não havia muito o que se fazer, senão aceitar o destino de que o 0215 certamente chegaria naquele ponto de ônibus antes dele. O trajeto do 0215 era muito mais curto. Não havia sinais de trânsito, e raramente o motorista parava em algum ponto naquele horário. Talvez na estação de ônibus, e somente. Só havia um jeito de chegar lá antes dele, e esse jeito era um milagre divino.

Então orei.

Não me lembro as palavras exatas, não me lembro o que aconteceu nos minutos em que eu estava de olho fechado, clamando a Deus por aquele milagre. Mas me lembro exatamente do que aconteceu na sequencia. O 1131, que costumava encher logo depois da ladeira, passou pelo ponto cheio de gente, e ninguém sequer fez sinal para ele. Era como se o ônibus tivesse se tornado invisível! Ninguém parecia estar vendo aquele ônibus, nem pessoas, nem carros, nem os semáforos pareciam virar para o vermelho quando ele chegava perto de um deles. O trajeto de quinze minutos, foi realizado em menos de cinco.

Desci no ponto da estação. Agradeci ao motorista. Só então, parecia que as pessoas conseguiam enxergar o ônibus novamente! Assim que pisei no chão, atrás do ônibus em que estava, lá estava o 0215 que eu precisava pegar. Fiz um simples sinal para ele, entrei, paguei minha passagem, e me sentei no ônibus vazio, agradecendo a Deus pelo que tinha me acontecido.

E ainda tem gente que diz que milagres não acontecem, não é mesmo? Tente explicar pelo menos cinco pontos cheios de gente não vendo um ônibus que costumava lotar… Sei que parece estranho, mas, como eu disse, é questão de acreditar ou não em minha palavra.

 

 

Essa história é parte do desafio do Nanowrimo 2020, e está sob a tag “Aconteceu Comigo”. Os fatos são reais, mas algumas informações foram modificadas para segurança dos envolvidos.